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quinta-feira, 13 de maio de 2010

azul-velho-morto - Juliana M.


Eu tinha lá os meus 12 anos,e finalmente o frio chegara.
Ah, o frio sempre foi a melhor sensação que se pode sentir.
e eu adorava passar o dia todo empacotada,o dia todo cheia de roupas,
tomando café,chá,qualquer coisa que aqueça.Em um dia de frio,um dia de maio,
meu velho pai vem até minha casa e me dá de presente um agasalho azul.
Não era bem um azul.não era um azul frio também que causava tranquilidade,era um azul velho,um azul bem sem vida mesmo,cor azul-morto.também era feito de crochê.E eu fiquei agradecida,pois estava realmente precisando.
Fui ao colégio com a blusa azul-morto,e durante vários dias,nada aconteceu.
na minha sala tinha um garoto,um garoto de cabelos bem escuros,com fama de engraçadinho,e ele me disse em tom zombeteiro,que eu havia pegado minha blusa emprestada da minha avó,e eu não havia.Eu não sabia o que tinha de errado na minha blusa tão quentinha,que até minhas mãos cobria,e que se encaixava perfeitamente no meu corpo demasiadamente magro e pouco desenvolvido.as pessoas agora riam de mim,da minha avó,e minha blusa-crochê-azul-morto.Apesar de não saber o porque de tanta graça,nunca mais usei a blusa,tive vergonha.Preferia ir com frio,com qualquer outra blusa,menos com a azul-morto.Por diversas vezes me perguntavam se tinha devolvido a minha avó.Meu pai ficou bem triste pela blusa não ser mais usada por mim.Tantos anos após o ocorrido,passando por uma dessas ruas do centro,avisto em uma loja bem discreta uma blusa tão parecida com essa,minha blusa azul-velho-morto.Não resisti em compra-la.Hoje me cai tão bem,que mal me importo com a frieza das pessoas lá fora,estou eternamente empacotada pela azul-velho-morto.

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