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sexta-feira, 30 de abril de 2010

infelizmente.



"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."
Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 29 de abril de 2010


E tome tento
Fique esperto
Hoje não tem papo
Jogo-lhe um quebrante,
Num instante
Você vira sapo
Bobeou na crença príncipe,
volta ao seu posto de lenda.


Seu nome na boca do sapo
Sua boca {...}

Já tá feito
Tá mandado
O seu trono tá plantado
Fica acerca de mim.

Seu nome na boca do sapo
Sua boca, na minha.
O resto é boi dormindo em
História errada de carochinha.

quarta-feira, 28 de abril de 2010



"eu não sei pr'onde o mundo vai,nesse breu vou sem rumo..."

segunda-feira, 26 de abril de 2010

biblioteca -



olhos baixos,barulhos de porta,
sussurros,lábios umedecendo ,folhas passando,
canetas caem ao chão,batuques de dedos ansiosos sobre a mesa,
relógio,até o tempo faz barulho.
Esses são os sons da biblioteca,seu silêncio não existe,
apesar de ser tão procurado.
A sim,ele está aqui.
será que me vê?
ou só lê ?
qualquer movimento desvia meus olhos pra fora do texto
e se direcionam a ti.Ao contrário dele,que se quer consegue
desprender a atenção das letras.
não quer ler meus olhos?
e eu escrevo neles o tempo todo.


Se suas ações não podem mostrar o quanto você me ama, talvez suas palavras não façam !

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Entrevista do pcc ( prática de componente corricular)



Para avaliar diversas opiniões,resolvemos entrevistar pessoas de idades diferentes com relação ao tema.
convidamos alexsander gomes,20,que cursa jornalismo na faculdade Alfa,para dar sua opinião à respeito do papel dos pais e do professor na formação do vocabulário infantil.
• Pra você,qual o papel dos pais na formação dos filhos em relação ao preconceito?

Alexsander - Acho que o papel vem de acordo com a criação que o pai teve, mais de qualquer forma, é ser bem claro e verdadeiro com o filho, trasmitindo a ele o que ele sente em relação as outras pessoas.


• Qual seria o papel dos pais também no vocábulo dos filhos?

alexsander - O vocabulario é algo muito importante, "você é o que você fala", hoje em dia é normal ver crianças falando palavrões fortes e extremos, acho que isso influência até no piscologico da criança, podendo afetar sua vida posteriormente. Os pais devem ser bem coerentes agindo com clareza o que é certo e o errado e não negando informações sobre os significados das palavras aos filhos.

• Qual o papel do professor na formação de preconceito e vocabulário?

alexsander - Professor deve ser bem claro e profissional no aprendizado das pessoas, deixando sua opnião pessoal de lado e ser claro em suas explicações. Ao falar sobre o preconceito deve ser detalhista, citando varios exemplos de preconteitos e passar a informação certa sobre os exemplos.
Em relação ao vocabulario, alem de direto deve tomar muito cuidado com o que está passando a outros, pois ali estará formando cidadãos e o que será exposto a eles influênciará seu carater


• Você herdou algum preconceito lingüístico de seus pais,e isso te afetou socialmente?

alexsander- Varios, a maioria relacionado a homosexualismo como; "quem usa brinco é viado", "esporte de homem é futebol","cabelo grande é coisa de bixa""tatuagem ou é coisa de marginal ou coisa de viado", entre varios. Isso me implicou até os 13 anos, mais atravez do convivio social com outras pessoas logo vi que se tratava de preconceito ou falta de informação.


entrevistamos também uma criança,Kamilla,8,que cursa o 4º ano do ensino fundamental para vermos a forma de ensino do vocabulário que herdou,e como o contato social pode modifica-la:

• Como seus pais definiram pra você uma criança de pele escura,ou com problemas mentais ? como você as define?

Kamilla - Meus pais nunca definiram nada sobre isso pra mim. Quando estou brincando defino como "neguim" e com problemas mentais as chamo de "especiais",
não que as outras crianças não sejam também especiais, mas essas com problemas mentais precisam de um cuidado especial.

• Você tem algum tipo de problema com crianças diferentes?

Kamilla - Não. Pois se eu fosse uma criança diferente não ia querer que ninguém tivesse problema comigo.

• Como você aprendeu o que é um homossexual,por meio de quais palavras?
Kamilla - Por meio das palavras gay e "baitola" que ví em uma novela (risos)



Como objeto de análise,entrevistamos Helena da silva,43,atualmente administradora,ex-professora do ensino fundamental,ex-jornalista,e mãe de dois filhos já adultos,perguntamos pra ela como se deu a formação de vocabulário em seus filhos,alunos,e a influência da mídia com relação ao vocabulário:

• Quando seus filhos começaram freqüentar a escola,observou modificações em seus vocabulários?

Helena - Sim.aprenderam palavras chulas,com colegas,palavras que não eram utilizadas no dia-a-dia da família.

• sobre seus filhos,quando notou algo de errado com relação à termos,ou quando se deparou com perguntas sobre significado de palavras,qual foi sua reação e atitude ?

helena - Explicava o que significava,mostrando no dicionário,mas já os proibi de utilizar alguns termos.

• Assume ter passado mesmo sem querer,algum preconceito lingüístico à seus filhos? cite-os.
Helena -Sim.Assumo que sempre usei o termo "viado",e também "maloqueiro" para quem tem piercings,tatuagem,ou estilo diferenciado

• Qual a influência mídia com os vocabulários utilizados?
Helena- Tem certos chavões que são tão repitidos na mídia que você assimila no dia-a-dia mesmo sem querer,ou até sem saber o real significado.

• Quais métodos utilizava para explicar aos seus alunos,quando lhe perguntavam sobre palavras de vocabulário preconceituoso? Aonde aprenderam as palavras?
Helena - Aprendem na sociedade em geral,com os pais,na escola,e na família.Eu por muitas vezes tentei desfazer alguns termos,mas confesso que já dei risada,e causei riso neles,fortificando mais o termo.

• Utiliza termos preconceituosos sem notar? explique o por que.
Helena - Sim.em decorrência da influência de meus pais,ou mesmo da mídia,e já relaciono a imagem à palavra.
• O que acha que deve melhorar na escola,universidade,mídia e na educação dos pais com relação ao tema?
primeiramente é uma questão cultural,se reflete do preconceito dentro de todos nós,ou seja a linguagem só tem o papel de expressar o preconceito existente na raiz da sociedade.Acredito no respeito entre os seres,e penso que há muito o que melhorar,porém existe muita dificuldade sobre esse assunto,a nossa origem,o machismo,e várias outras coisas ainda pegam muito na cabeça de cada um.O professor tem o papel de ensinar a todos como conviver com essa diferença e os pais devem educar e ensinar palavras e termos que realmente são bons de se usar em qualquer lugar,para não prejudicar o próprio filho mais tarde.

cansada :(


A UFG está conseguindo acabar com a minha saúde mental,e minha vida social
por isso vou descrever aqui,minha infelicidade :
essa foi a semana do pcc.
•segunda-feira,entrega do pcc,entrega do glossário de lingüística,e prova de espanhol.
•terça-feira,entrega de tese sobre coerência e coesão no roteiro do documentário ilha das flores.
•Quarta-feira,entrega da atividade de literatura e outra prova oral de espanhol.
traduzindo,não tenho cabeça pra falar sobre nada. :(

terça-feira, 20 de abril de 2010

prioridade.


prioridades.P-R-I-O-R-I-D-A-D-E-S. consegue compreender?
eu não estou querendo lhe convidar a se retirar,agora que já está aqui,
a minha frente,como quem não sabe nada sobre elas,Minhas prioridades. Eu canso de lhe dizer,
sobre o que andei pensando,e estou querendo arrastar você pra longe...
pra longe das minhas.
minhas prioridades.
pode entender?! Eu sinto como se não fosse suficiente dizer,
que minha prioridade,não é você.

super-superficial


a morte em vida.
a morte tingida.
a morte em imagem viva e fingida.
só a imagem é vida.

Várias coisas me irritam,
saibam todos que me irrita até
o fato dos outros se irritarem.
Mas uma que me irrita e muito,
é o fato de estar parada em um lugar,
em que todos me observam.
Eu não sei bem o porque,
isso só me irrita quando estou quieta,
sem fazer nada.
Existe coisa mais petulante do que estar parado,
e alguém contando seus defeitos,suas imperfeições?
hora porra,não me olhem,não me olhem por favor.

sábado, 17 de abril de 2010

indiferença.



e ele me olhava,com lágrimas nos olhos,
e com a voz trêmula,perguntava,o que me faltava,
o porque da total frieza com que vinha o tratando,
o porque dessa distancia? e falta de cumplicidade com a qual eu vinha seguindo,um olhar constante pro horizonte,como quem procura se distrair de um momento qualquer.
e ele me perguntava.o que faltava?
e eu mesma me perguntei,o que me falta?
o que podia ser?
e eu não soube responder.só murmurei,e em alta sinceridade e certeza,
respondi,que o pior de tudo,não é não ter alguém que nos ame,algo,ou qualquer outra coisa que faça esse papel de preenchimento em nossas vidas,que nos encha de alegria a cada dia,ou que nos desenhe um sorriso ao acordar.ohh,como eu quero uma pessoa que esteja sempre comigo,ao meu lado nas horas difíceis,blá-blá-blá...
o pior,é ter e ainda assim não se sentir completa,é ter e ser indiferente,ou sequer se importar se tem ou não.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

yo.


tem dias,que tudo é lindo. estou desconfiando é de amanhã :)

terça-feira, 13 de abril de 2010


palavra,simples como qualquer palavra :)

domingo, 11 de abril de 2010

perdido(a)



{...}e parece que tudo está se estabilizando em uma época,ou momento ruim,ou pelo menos não parece que vai acontecer mudanças por agora.
eu sofro,te beijo bêbada,e as vezes quero mesmo ficar ao seu lado,e eu quero retomar a nossa vida simples,as nossas tardes,brigas,nossos encontros às escondidas,nossos domingos de tv,nossas quartas sem energia,sentavamos na cadeira de plástico,e viamos o tempo passar,acendendo um cigarro,as vezes olhavamos o céu,ouviamos algumas músicas legais,e com dificuldade conseguia tirar folgas do trabalho pra passar um tempo à mais comigo.Você se lembra exatamente da forma como nós dois andavamos pela rua?por que eu me lembro claramente,dos nossos tenis furados,as conversas estranhas,e a mão que segurava a minha,sem pretenção,só por me acompanhar,mesmo em viagem,estava ali,por onde quer que eu olhasse. a sim,eu sentia,havia uma beleza,mesmo na tristeza,na sujeira,havia um brilho em nossos dentes,e havia sim uma certa felicidade,ou cumplicidade.e eu sei que confiou em mim.Eu confiei em você,e eu fui confiada
afinal, é tudo que eu preciso.Compartilhavamos,compreendiamos e
dividiamos : a cerveja,o cigarro,a angústia,a comida,o dinheiro,a família,
a passagem do ônibus,a maconha,pensamentos,o medo,o despertador,o sono,o chuveiro,a escova de dentes,o cochão,a coberta,dividiamos até a culpa,e o tédio.e sempre se fazia em dois tudo que existia no nosso mundo.dividiamos por menor que fosse,por mais difícil que fosse,dividiamos.eu sempre quis me fazer em par,e foi possível com você.
Mas em um momento,eu esperei mais,e eu esperei que não fosse assim,tão rápido.e eu ainda espero mais.coisas que hoje vejo como impossíveis,ainda me resta ali bem no fundo a esperança,de ver mudanças,ver algo sorrir pra mim de novo.Porque as pessoas só se dão conta quando não tem mais a oportunidade?eu também sou assim,e posso não estar me dando conta de que estou perdendo uma oportunidade das grandes.mas eu simplesmente não quero pensar em nada,apenas vá embora,antes que eu tenha que pensar mais uma vez em tomar café por hoje,e se isso acontecer,eu ficarei elétrica demais pra dormir.Dormir,é meu único momento de paz,afinal agora eu não tenho com quem dividir,nem alegria nem tristezas,e ninguém mais me pede cigarros,ou um trocado emprestado.não dividir até o dinheiro e a glória,dói.e dói muito.
boa noite.

Os sobreviventes (Para ler ao som de ângela RO-RO) para jane araújo,a Magra( Caio F. abreu)


SRI LANKA, quem sabe? Ela me diz, morena e ferina, e eu respondo por que não? mas inabalável continua: você pode pelo menos mandar cartões-postais de lá, para que as pessoas pensem nossa, como é que ele foi parar em Sri Lanka, que cara louco esse, hein, e morram de saudade, não é isso que te importa? uma certa saudade: em Sri Lanka, brincando de Rimbaud, que nem foi tão longe, para que todos lamentem ai como ele era bonzinho e nós não lhe demos a dose suficiente de atenção para que ficasse aqui entre nós, palmeiras e abacaxis. Sem parar, abana-se com a capa do disco de Ângela enquanto fuma sem parar e bebe sem parar sua vodka nacional sem gelo nem limão. Quanto a mim, a voz rouca, fico por aqui comparecendo a atos públicos, entre uma e outra carreira, pixando muros contra usinas nucleares, em plena ressaca, um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, um dia de Tereza de Calcutá, um dia de merda enquanto seguro aquele maldito emprego de oito horas diárias para poder pagar essa poltrona de couro autêntico onde neste exato momento vossa reverendíssima assenta sua preciosa bunda e essa exótica mesinha de centro em junco indiano que apóia vossos fatigados pés descalços ao fim de mais uma semana de batalhas inúteis, fantasias escapistas, maus orgasmos e crediários atrasados. Mas tentamos tudo, eu digo, e ela diz que sim, claaaaaaaro, tentamos tudo, inclusive trepar, porque tantos livros emprestados, tantos filmes vistos juntos, tantos pontos de vista sócio político artístico filosófico existenciais e bababá em comum só podiam dar mesmo nisso: cama. Realmente tentamos, mas foi uma bosta. Que foi que aconteceu, eu pensava depois acendendo um cigarro no outro, e não queria lembrar mas não me saía da cabeça o teu pau murchos e os bicos do meus seios que nem sequer ficaram duros, pela primeira vez na vida, você disse, e eu acreditei, pela primeira vez na vida, eu disse, mas não sei se você acreditou. Quero dizer que sim, que acreditei, mas ela não pára, tanta tesão mental espiritual moral existencial e nenhuma física, e eu não queria aceitar que fosse isso: éramos diferentes, ai como éramos diferentes, éramos melhores, éramos mais, éramos superiores, éramos escolhidos, éramos vagamente sagrados, mas no final das contas os bicos dos meus peitos não endureceram e o teu pau não levantou, cultura demais mata o corpo da gente, cara, filmes demais, livros demais, palavras demais, só consegui te possuir me masturbando, tinha a biblioteca de Alexandria separando nossos corpos, enfiava fundo o dedo na buceta noite após noite pedindo mete fundo, coração, explode junto comigo, depois virava de bruços e chorava no travesseiro porque naquele tempo ainda tinha culpa nojo vergonha, mas agora tudo bem, o Relatório Hite liberou a punheta. Não que fosse amor de menos, você dizia depois, ao contrário, era amor demais, você acreditava mesmo nisso? Naquele bar infecto onde costumávamos afogar nossas impotências em baldes de lirismo juvenil, imbecil, e eu disse não, o que acontece é que como bons-intelectuais-pequeno-burgueses o teu negócio é homem e o meu é mulher, podíamos até formar um casal incrível, tipo aquela amante de Virginia Woolf, como era mesmo? Vita, Vita Sackville-West e o veado do marido, não se erice, queridinho, não tenho nada contra veados, me passa a vodka, o quê? e eu lá tenho grana pra comprar wyborowas? não tenho nada contra lésbicas, não tenho nada contra decadentes em geral, não tenho nada contra qualquer coisa que soe a: uma tentativa. Peço cigarro e ela me atira o maço na cara, como quem joga um tijolo, ando angustiada demais, meu amigo, palavrinha antiga essa, angústia, duas décadas de convívio cotidiano, mas ando, ando, tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, ,veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara. Podia ter dado certo entre a gente, ou não, afinal você naquele tempo ainda não tinha se decidido a dar a bunda, nem eu a lamber buceta, ai que gracinha nossos livrinhos de Marx, depois Marcuse, depois Reich, depois Castañeda, depois Laing embaixo do braço, aqueles sonhos colonizados nas cabecinhas idiotas, bolsas na Sorbonne, chás com Simone e Jean-Paul nos 50, em Paris; 60 em Londres ouvindo here comes the sun here comes the sun, little darling; 70 em Nova Iorque dançando disco-music no Studio 54; 80 a gente aqui, mastigando essa coisa porca sem conseguir engolir nem cuspir fora em esquecer esse gosto azedo na boca. Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica psicanálise drogas acupuntura suicídio ioga dança natação Cooper astrologia patins marxismo candomblé boate gay ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora o que faço? Não é plágio do Pessoa, mas em cada canto do meu quarto tenho uma imagem de Buda, uma de mãe Oxum, outra de Jesuzinho, um pôster de Freud, às vezes acendo vela, faço reza, queimo incenso, tomo banho de arruda, jogo sal grosso nos cantos, não te peço solução nenhuma, você vai curtir os seus nativos de Sri Lanka depois me manda um cartão-postal contando qualquer coisa como ontem à noite, à beira do rio, deve haver um rio por lá, um rio lodoso, cheio de juncos sombrios, mas ontem na beira do rio, sem planejar nada, de repente, por acaso, encontrei um rapaz de tez azeitonada e olhos oblíquos que. Hein? claro que deve haver alguma espécie de dignidade nisso tudo, ,a questão é onde, ,não nesta cidade escura, não neste planeta podre e pobre, dentro de mim? Ora não me venhas com autoconhecimentos-redentores, já sei tudo de mim, tomei mais de cinqüenta ácidos fiz seis anos de análise, já pirei de clínica, lembra? você me levava maçãs argentinas e fotonovelas italianas, Rossana Galli, Franco Andrei, Michela Roc, Sandro Moretti, eu te olhada entupida de mandrix e babava soluçando perdi minha alegria, anoiteci, roubaram minha esperança, enquanto você, solidário e positivo, apertava meu ombro com sua mão apesar de tudo viril repetindo reage, companheira, reage, a causa precisa dessa tua cabecinha privilegiada, teu potencial criativo, tua lucidez libertária, bababá bababá. As pessoas se transformavam em cadáveres decompostos à minha frente, minha pele era triste e suja, as noites não terminavam nunca, ninguém me tocava, mas eu reagi, despirei, e cadê a causa, cadê a luta, cadê o potencial criativo? Mato, não mato, atordôo minha sede com sapatinhos do Ferro’s Bar ou encho a cara sozinha aos sábados esperando o telefone tocar, e nunca toca, ouvindo samba-canção e blues com caipira de vodka, neste apartamento que pago com o suor do potencial criativo da bunda que dou oito horas diárias pra aquela multinacional fodida. Mas eu quero dizer, e ela me corta mansa, claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca, me passa o cigarro, não estou desesperada, ,não mais do que sempre estive, não estou bêbada nem louca, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, não se preocupe, depois que você sair tomo banho frio, lente quente com mel de eucalipto e gin-seng, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a ban-chá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas do tipo preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-esta-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá, até o sol pintar atrás daqueles edifícios, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais destrutiva que insistir sem fé nenhuma? Passa devagar a tua mão na minha cabeça, no meu coração, eu tive tanto amor um dia, pára e pede, preciso tanto, tanto, tanto, bicho, não me permitiram, então estendo os dedos e ela fica subitamente pequenina apertada contra meu peito, perguntando se está mesmo muito feia e meio puta e muito velha e completamente bêbada, eu não tinha essas marcas em volta dos olhos, eu não tinha esses vincos em torno da boca, eu não tinha esse jeito de sapatão cansado, e eu repito que não, que está linda assim, desgrenhada e viva, ela pede que eu coloque uma música e escolho o Noturno número dois em mi bemol de Chopin, quero deixá-la assim, dormindo no escuro, sobre este sofá, ao lado das papoulas quase murchas, embalada pelo piano remoto como uma canção de ninar, mas ela se contrai violenta e peded que eu ponha Angela outra vez, então viro o disco, amor meu grande amor, caminhamos tontos até o banheiro onde sustento sua cabeça sobre a privada para que vomite, e sem querer vomito junto, ao mesmo tempo, os dois abraçados, bocas amargas, fragmentos azedos sobre as línguas, ela puxa a descarga e vai me empurrando para a porta, pedindo que me vá, e me expulsa para o corredor dizendo não esqueça então de mandar um cartão de Sri Lanka, aquele rio lodoso, aquela tez azeitonada, que aconteça alguma coisa bem bonita para você, te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em todos de novo, que leve para longe da minha boca esse gosto podre de fracasso, de derrota sem nobreza, não tem jeito, companheiro, nos perdemos no meio da estrada e nunca tivemos mapa algum, ninguém dá mais carona e a noite já vem chegando. A chave gira na porta. Preciso me apoiar contra a parede para não cair. Atrás da madeira, misturada ao piano e à voz rouca de Angela, nem que eu rastejasse até o Leblon, consigo ouvi-la repetindo que tudo vai bem, tudo continua bem, tudo muito bem, tudo bem. Axé, axé, axé! eu digo e insisto, até o elevador chegar. Axé, odara!

sábado, 10 de abril de 2010

tom jobim - demais


Todos acham que eu falo demais
E que eu ando bebendo demais
Que essa vida agitada
Não serve pra nada
Andar por aí
Bar em bar, bar em bar

Dizem até que ando rindo demais
E que eu conto anedotas demais
Que eu não largo o cigarro
E dirijo o meu carro
Correndo, chegando, no mesmo lugar

Ninguém sabe é que isso acontece porque
Vou passar toda a vida esquecendo você
E a razão por que vivo esses dias banais
É porque ando triste, ando triste demais

E é por isso que eu falo demais
É por isso que eu bebo demais
E a razão porque vivo essa vida
Agitada demais
É porque meu amor por você é imenso demais

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A estranheza da solidão


- O porque dessa cara?
- Como o porque?
- Seu semblante não é esse.
- E qual é o meu semblante?
- Como qual?
- Eu não ando com um espelho,pra ficar olhando qual a minha cara,minhas expressões,pra assim avaliar o meu humor,porra.
- Ta,você parece que ta ai,toda triste,com esse copo,essa pele seca,e cabelo bagunçado.
Não se parece nada com seu jeito de costume.
- hm...
- Aconteceu alguma coisa Lua?
- Não,não aconteceu nada,marcos.
- Mas como não?
- Mas como não o que,cara?
- Pra você ta assim,algo aconteceu,não confia em mim?você é minha amiga a tanto tempo,qual é.
- O inferno,nada aconteceu,pode parar de querer saber se algo aconteceu porque não aconteceu.
jogando o toco de cigarro pra longe,e tomando mais um longo gole de vodka.
- Lua,chega mais perto de mim,conversa comigo,pode se abrir.
- Cara,mais que merda é essa?dá pra me deixar em paz só isso?
- Como assim Lua,pode contar comigo.vamos,se abre.
- Eu não tenho nada,caralho.Eu só quero ficar um tempo sozinha,o meu fardo ta pesado cara.É tanta coisa em cima de mim.Não tem suas fraquezas não? Não é porque to aqui afundada,que estou triste,ou corrompida.Eu só não to pra papo,cara.você intende que eu não quero falar com ninguém?Porque as pessoas tratam a tristeza com tanta estranheza,e querem ajudar,mal se dão conta de que nada mais natural que a solidão,uma mulher sozinha em um bar.Simples,sozinha e dando um tempo pra voltar ao mundo la fora.Estou tomando fôlego pra voltar pra baixo da água,e eu não preciso da ajuda de ninguém pra isso.
Marcos se levanta e vai embora.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

sorriam todos.


pulo de um livro a outro,procurando paz de espirito,leio,buscando respostas.geralmente pessoas que se julgam livres, não se importam com o que as pessoas pensam ou julgam delas,mas faz alguns dias que me situei através da verdade.Tenho algo que me causa nojo o dia todo,
nojo de tudo,de tudo que vejo de hipocresia,e tantas outras coisas,que não sei explicar,mas é só olhar para o meu rosto,que vai ver,não valorizo mais a questão do incomum.Essa visão que o mundo tem,os dedos que estão na minha direção,certamente me importa muito,e só hoje me dei conta.Mas,é porque antes,não era assim aberta,quando se assume ser quem é,é preciso aguentar toda a opinião alheia,e as realmente importantes,
que pensamos saber,mas que no fim acabam nos impressionando.Descobri a pouco,que sou alegre,passo a alegria,mas que sou extremamente estranha aos olhos de quem vê.
Ninguém entende meus regalos,meus exageros.Se contagiam e não entendem.
Ser suja,e estranha ao mundo,não é algo com que me dou muito bem.as vezes,no espelho,só queria ser um vulto,em que as pessoas olhassem,sorrissem,e depois esquecessem,afinal,o que importa ? não se importem com a sujeira da minha alma,ou se quer com o que faço de mais errado.apenas sorria comigo.Eu só preciso sorrir agora.

ainda bem



Ainda Bem
Que você vive comigo
Porque se não
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá...

Nos dias frios
Em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto
De amar, de amar

Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Neste mundo de tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa heim?
Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois
Esse amor

Entre tantos outros
Entre tantos séculos
Que sorte a nossa heim?
Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois esse amor ♥

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Bandeira da Inconfidência (cecília meirelles)




Através de grossas portas sentem-se luzes acesas
e há indagações minuciosas dentro das casas fronteiras
olhos colados aos vidros, mulheres e homens à espreita
caras disformes de insônia vigiando as ações alheias(...)
atrás de portas fechadas à luz de velas acesas
uns sugerem, uns recusam, uns ouvem, uns aconselham
se a derrama for lançada há levante com certeza
corre-se por essas ruas, corta-se alguma cabeça
no simo de alguma escada profere-se alguma arenga
que bandeira se desdobra?
com que figura ou legenda?
Coisas da maçonaria, do paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade, um gênio a quebrar algemas? Atrás de portas fechadas à luz de velas acesas
entre sigilo e espionagem acontece a Inconfidência
e diz o Vigário ao poeta "escreva-me aquela letra do versinho de Virgílio"
e dá-lhe o papel e a pena. E diz o poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
"Tenha meus dedos cortados antes que tal verso escrevam" Liberdade, ainda que tarde, ouve-se em redor da mesa
e a bandeira já está viva e sobe na noite imensa
e seus tristes interventores já são réus, pois se atreveram a falar em liberdade,
que ninguém sabe o que seja através de grossas portas
sentem-se luzes acesas,
e há indagações minuciosas dentro das casas fronteiras...
Que estão fazendo tão tarde, que escrevem, conversam, pensam
mostram livros proibidos? lêem notícias nas gavetas?
terão recebido cartas de potências estrangeiras? Antigüidades de Minas, em Vila Rica suspensas
Cavalo de Lafaiete saltando vastas fronteiras
Oh, vitória, sestas, flores das lutas da Independência
Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda
e a vizinhança não dorme, murmura, imagina, inventa,
não fica bandeira escrita, mas fica escrita a sentença...

quinta-feira, 1 de abril de 2010



Eu não perdi nada com tudo isso,
aliás,eu ganhei realmente,
por ir atrás da verdade,
e eu ri muito,porque pessoas falsas
que se dizem especiais,são as mais medíocres
e idiotas.porque não ser quem é?
falsidade,
isso sim é saber que ninguém nunca vai gostar
de você,pelo que realmente é;
e realmente não vai.

:)