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sexta-feira, 9 de abril de 2010

A estranheza da solidão


- O porque dessa cara?
- Como o porque?
- Seu semblante não é esse.
- E qual é o meu semblante?
- Como qual?
- Eu não ando com um espelho,pra ficar olhando qual a minha cara,minhas expressões,pra assim avaliar o meu humor,porra.
- Ta,você parece que ta ai,toda triste,com esse copo,essa pele seca,e cabelo bagunçado.
Não se parece nada com seu jeito de costume.
- hm...
- Aconteceu alguma coisa Lua?
- Não,não aconteceu nada,marcos.
- Mas como não?
- Mas como não o que,cara?
- Pra você ta assim,algo aconteceu,não confia em mim?você é minha amiga a tanto tempo,qual é.
- O inferno,nada aconteceu,pode parar de querer saber se algo aconteceu porque não aconteceu.
jogando o toco de cigarro pra longe,e tomando mais um longo gole de vodka.
- Lua,chega mais perto de mim,conversa comigo,pode se abrir.
- Cara,mais que merda é essa?dá pra me deixar em paz só isso?
- Como assim Lua,pode contar comigo.vamos,se abre.
- Eu não tenho nada,caralho.Eu só quero ficar um tempo sozinha,o meu fardo ta pesado cara.É tanta coisa em cima de mim.Não tem suas fraquezas não? Não é porque to aqui afundada,que estou triste,ou corrompida.Eu só não to pra papo,cara.você intende que eu não quero falar com ninguém?Porque as pessoas tratam a tristeza com tanta estranheza,e querem ajudar,mal se dão conta de que nada mais natural que a solidão,uma mulher sozinha em um bar.Simples,sozinha e dando um tempo pra voltar ao mundo la fora.Estou tomando fôlego pra voltar pra baixo da água,e eu não preciso da ajuda de ninguém pra isso.
Marcos se levanta e vai embora.

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