quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
A dor do abismo
dói-me ver os meus fracassos
meus estilhaços,meus delírios,
dói-me ver os meus vacílos,
meus deslizes em corda bamba
Dói-me a praga da tristeza
do egoísmo,e da maldade,
dói-me os olhos,lágrimas,
e dói,e dói,e dói saudade
Dói-me as costas,por carregar
na mesma,tantos defeitos
inquestionáveis,incorrigíveis
indecifráveis
Dói-me a alma,aperta e rasga,
vem devassa,vai vazia,me prende
me espia,eu continuo a passar
a mão em minhas próprias fraquezas,
e mesmo sem saber os extras
o fim já posso julgar.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
volta e meia
domingo, 6 de dezembro de 2009
O encomodo.
os dois pais
Eu já tive dois pais.
um tinha sangue nos olhos;
outro no coração;
um tinha remorsos,o outro,
simpatia e gratidão.
um era ferro,
o outro algodão;
um trazia sempre espinhos,
o outro flores as mãos.
Eu não amei os dois pais,
um me criou,o outro ainda me conquista,
o outro não é tão egoísta,ele segue
as pistas,pra me acompanhar,
e como n'um sonho profundo,
eu consegui ir bem fundo onde eu queria chegar.
te amo pai ♥
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
tédio
Motivo (Cecília Meireles)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada
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